Ah, pois é :)

O leitor que nunca snifou os seus livros que atire a primeira pedra!




Este é um clássico com mais de 120 anos, mas se me dissessem que tinha sido escrito ontem eu acreditaria. É completamente actual e escrito com uma linguagem leve, perceptível, e acima de tudo com muito humor.

O livro conta a história de três amigos que decidem dar umas férias às suas vidas cansativas e fazem-se ao rio (Tamisa) numa viagem de 15 dias cheia de peripécias. Com eles vai o cão do narrador (Montmorency) a ajudar à festa. Um dos segredos desta história bem sucedida está no facto de se basear em factos reais. A pretensão do autor até era que o livro fosse uma descrição histórica e topográfica do rio, mas as situações que os amigos foram vivendo tomaram conta da narrativa e fizeram dela um ícone da literatura mundial, com muitas gargalhadas à mistura.

Efectivamente, as interacções e peripécias dos amigos são o ponto forte do início ao fim. As partes menos interessantes, a meu ver, foram os tais levantamentos históricos sobre o rio, porque, pelo menos para mim, uma vez que uma pessoa se habitua à narrativa cómica, isso representa uma quebra no ritmo da leitura.

O livro teve seis adaptações cinematográficas (!) por diversos países e foi interpretado no teatro e eternizado noutras formas de arte, como escultura, pintura e ilustração. Portanto, uma história imortal de grande sucesso, aconselhada para todos.

Três Homens Num Barco
De: Jerome K. Jerome
Ano: 1889
Editora: Alma dos Livros
Páginas: 224

A nossa pontuação: ★★★★☆
Disponível no site Wook.
Inspira, expira e não pira...



Escrito antes do famoso "Matar a Cotovia", este manuscrito de Harper Lee andava perdido e foi descoberto em 2014. Em "Vai e Põe Uma Sentinela", são-nos apresentadas as personagens míticas daquela obra vencedora do Prémio Pulitzer, 20 anos mais velhos.

Scout regressa à sua cidade natal, vinda de Nova Iorque, para passar umas férias junto da sua família. Depois de passar tanto tempo na 'cidade grande', os modos tradicionais e as ideias fixas dos habitantes da terrinha no Alabama incomodam-na, no meio das recordações que vai tendo da sua infância. Tudo descamba quando é a sua própria família e um amigo próximo a apoiar ideias tacanhas. Com a questão da desigualdade racial em cima da mesa, este livro é um retrato, a ponta de um grande icebergue, sobre o que se passava nos anos 50.

É um livro que não gera consenso na sua avaliação. Há quem o adore e quem o odeie, sendo que quem leu o "Matar a Cotovia" tinha grandes expectativas que não se confirmaram. Para mim, é um livro interessante com situações dignas de registo mas sem grande sumo. Gostei da personagem principal - Jean Louise Finch (Scout) e das vicissitudes da sua relação com o pai; das suas quezílias com a comunidade e com a tia; mas cerca de metade do livro, para mim, é desinteressante, com recordações excessivas sobre o passado e sem grande coisa digna de apontamento.

Vai e Põe Uma Sentinela 
De: Harper Lee
Ano: 2015
Editora: Editorial Presença
Páginas: 240

A nossa pontuação: ★★★☆☆
Disponível no site Wook.
Que o Pai Natal vos deixe muitos livros no sapatinho (para mim, a melhor prenda de todas!), e boas overdoses de doces, bacalhau e de tudo o que mais gostam, na melhor das companhias :)


Mas não... A Beatrix Potter não contava apenas as aventuras de um coelho maroto, mas também as de um gato traquinas! Vejam aqui a história do Tom Kitten (ou Tó Gatinho, para os amigos portugueses).

Duarte é um apaixonado. Um apaixonado pela vida, pelo romance e pelas noites da Lisboa dos anos 50. Aqui, neste fantástico livro de Mário Zambujal, ficamos a conhecer a história dessa personagem que se cruza com a da capital dos tempos das matinés e dos chás-dançantes, e o seu amor (à primeira vista, como se quer quando o amor é verdadeiro) por Erika, uma loira memorável e angelical.

Será este um amor para durar, ou apenas o encanto de um bon vivant por uma jovem inocente? É isso que vamos tentar descobrir ao longo da narrativa, mas que apenas no final saberemos realmente.

Zambujal leva-nos num passeio ligeiro pela inocência dos anos 50, numa Lisboa de que já poucos se lembram. A clareza e simplicidade da sua escrita embalam o leitor como se este estivesse a ler um diário de um amigo de longa data, cheio de memórias, amores e aventuras.

Para as gerações modernas, todo o romantismo e toda a delicadeza da arte antiga de cortejar uma mulher, soa a estranho e até a cómico por vezes. Para as gerações mais sábias, de outros tempos, este livro refresca a memória dos excessos simples de um bom convívio no Chave d'Ouro ou da importância sensual de um simples mostrar de pernas numa ida ao cinema.

Muitos julgarão impossível que se tenha saudade de um tempo que não se viveu, mas a obra "Já Não se Escrevem Cartas de Amor" é capaz despertar em todos o saudosismo inesperado que nasce do desejo de ter conhecido a Lisboa desses tempos e as suas gentes.

Uma obra fantástica.


Já Não se Escrevem Cartas de Amor
De: Mário Zambujal
Ano: 2008
Editora: A Esfera dos Livros
Páginas: 190

A nossa pontuação: ★★★

Disponível no site Wook.
Se é para gravar algo para sempre na pele, porque não palavras positivas que nos toquem particularmente? Aqui fica uma selecção de algumas tatuagens, a maior parte delas simples, mas todas elas positivas - um lembrete eterno dos nossos valores para melhor enfrentarmos as adversidades.
















No Japão dos anos 50 e 60, ser filho único era ser-se ostracizado pela sociedade. As crianças sem irmãos eram diferentes, sentiam-se sozinhas e olhadas com comiseração pelas próximas. Hajime é filho único, e essa condição faz com que se aproxime da outra única filha única da escola, Shimamoto. Os dois sentem-se ligados por um laço invisível e partilham sentimentos similares. Criam uma amizade profunda, que é perdida quando Shimamoto muda de escola.

Os anos passam e Hajime torna-se um adulto com uma vida típica e relativamente feliz, com mulher e filhos, mas sempre lhe faltou alguma coisa. Dá por si a sonhar acordado com o coxear de Shimamoto, com as tardes que passam a ouvir os vinis do pai dela ou simplesmente com a sua companhia silenciosa em que se complementavam.

Um dia, vê uma mulher na rua que se parece com ela e enceta uma perseguição, ao passado e ao fundo de si, onde se apercebe realmente que nunca será completo até ver Shimamoto outra vez, falar com ela, dizer-lhe tudo o que fez nos anos em que não se viram e retomar a ligação mais real e satisfatória que já teve com alguém.

Um livro fantástico de Haruki Murakami, que nos desperta o saudosismo, nos faz pensar no que realmente interessa e nas pessoas que fazem falta na nossa vida. Em tudo o que ficou para trás e que já não podemos recuperar. Com uma história simples, mostra-nos o poder da amizade e como o que acontece na infância e na adolescência nos pode marcar para sempre. O enredo está cheio de simbolismos, mistério e descrições de tirar o fôlego. Acompanhamos a busca de Hajime, as suas dúvidas existenciais, às partidas que a mente lhe prega, encontrando, sempre, algo a que nos agarrar, que é comum a todos nós, em páginas cheias de beleza e misticismo.

A Sul da Fronteira, a Oeste do Sol
De: Haruki Murakami
Ano: 1992
Editora: Casa das Letras
Páginas: 248

A nossa pontuação: ★★★★☆
Disponível no site Wook.
Félix, o mundialmente conhecido gato da estação de Huddersfield, na Inglaterra, vê agora a sua vida publicada em livro. Com um trabalho oficial na estação - controlador de pestes - é visitado diariamente por várias pessoas que querem conhecer a mascote desta estação de comboios. Tanto que recentemente foi emitido um comunicado aos visitantes para deixarem de alimentar Felix, que já estava perigosamente gordo devido às oferendas gulosas.

O famoso gato foi encontrado na estação com 8 semanas de vida e foi adoptado por todos os trabalhadores e pela comunidade que usa a estação diariamente. É muito bem cuidado, acarinhado, e até tem página no Facebook.

Há alguns dias foi lançado um livro, da autoria de Kate Moore, que conta a fantástica história de Felix. Está disponível em ebook e vai ser editado em papel em fevereiro do próximo ano. Pode ser encomendado na Amazon. É sempre bom partilhar histórias com final feliz.


Muito provavelmente já tem a árvore de Natal montada e já não vai a tempo de seguir estas sugestões, mas se é fã de livros vai decerto considerar estas inspirações para o ano que vem. Eu não ligo ao Natal, mas confesso que estas me dão alguma vontade de montar árvore...










Ok, tenho um grande defeito - estou sempre a corrigir os erros gramaticais dos outros. É mais forte do que eu, e pode dar alguma confusão às vezes porque parece que me "armo em superior" e em polícia da gramática. Mas pelos vistos não sou a única... e há artigos bem catitas para estes polícias que deviam ser remunerados. Afinal de contas, é serviço público...

As minhas maiores lutas são as posições erradas onde colocam as vírgulas, as conjugações dos tempos verbais e os erros ortográficos. Estas peças estão em inglês, mas reflectem bem a minha luta.














Euzinha, resumida numa caneca :) 





Tinha imensa expectativa em relação a este livro. É conhecido que idolatro Stephen King e a leitura deste livro, que é o primeiro volume da série A Torre Negra, estava a demorar. É um dos seus livros mais aclamados e tem estado ainda mais na berra nos últimos tempos devido à adaptação cinematográfica que vai para o grande ecrã em 2017, contando com Idris Elba e Matthew McConaughey nos principais papéis.

No entanto, não me entusiasmou. Stephen King é capaz de escrever em todos os estilos, desde provocar-nos o mais frio e negro terror até levar-nos às lágrimas por pura amizade ou amor. Este é diferente, com toques de fantasia e de fábula que não são de todo os meus géneros preferidos. No entanto, há momentos verdadeiramente épicos, principalmente quando existem confrontos. As suas descrições e o ritmo da acção são fantásticos e é nesses momentos que fiquei realmente embrenhada. De resto, é tudo demasiado onírico, esotérico e filosófico para o meu gosto.

Na história, Roland é o último dos pistoleiros, um homem solitário que segue um longo caminho na perseguição do homem de negro. As suas razões para esta demanda vão sendo apresentadas ao longo da narrativa, na qual vai conhecendo pessoas que vão marcar profundamente a sua viagem. O tempo presente vai sendo alternado com o passado, dando-nos a conhecer melhor o carácter deste homem misterioso.

O Pistoleiro - A Torre Negra Livro 1
De: Stephen King
Ano: 1978
Páginas: 216
Editora: Bertrand

A nossa pontuação: ★★★☆☆
Disponível no site Wook.