O conceito já existia em Tokyo, e o sucesso foi tão grande que vai abrir um novo espaço, desta vez em Kyoto. A ideia é simples mas genial - um hotel onde os livros ocupam o papel principal. Uma pessoa sente-se imediatamente confortável só por olhar para aquelas lombadas antes de dormir, e há qualquer coisa de reconfortante estar rodeado de tantas palavras na hora de maior tranquilidade do dia.

São mais de 5000 livros no hotel de Tokyo, e as camas estão localizadas no meio das estantes, portanto, o sono surge mesmo no meio da ação. Adoro a ideia e, pelo menos para mim, seria mesmo confortável. Como se dormisse numa biblioteca intimista ou no quarto de adolescência dos meus sonhos.

Via Bored Panda.





Isto sim, é um convite arrepiante, que dá calores e tremores na espinha!


Li "O Mar Por Cima", do mesmo autor, que me impressionou quando era adolescente, e só agora voltei a ler Possidónio Cachapa. Não devia ter feito um interregno tão grande, porque é dos melhores autores portugueses da actualidade. Este livro, "Eu Sou a Árvore", é daqueles que se lêem muito devagarinho para prolongar o prazer da leitura, e este sentimento, raro, sabe tão bem.

A história é sobre uma família, como tantas outras, com os seus problemas, as suas falhas de comunicação, os seus ramos, como os de uma árvore, estendidos para todas as direcções, separados, mas ligados por um tronco, cada vez mais fraco e fino, sujeito a intempéries e quase sempre em risco, tirando aqueles raros dias perfeitos onde tudo está calmo e o sol brilha. A mãe, pai, e três filhos são-nos expostos até às entranhas e temos o prazer de testemunhar a sua ascensão e queda, como quando finalmente a frondosa macieira deita fora os seus frutos.

Vamos alternando entre eventos do passado e do futuro, que se interligam, se completam e que fluem de modo perfeito. O autor tem uma sensibilidade muito aguçada, que nos agarra e nos entrelaça nas histórias daquelas personagens únicas. E, em tudo o que lemos, vemos uma correspondência bela e intrigante entre nós, humanos imperfeitos, e as árvores. Um dos melhores livros que li este ano.

Eu Sou a Árvore
De: Possidónio Cachapa
Ano: 2016
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 352

A nossa pontuação: ★★★★★
Disponível no site Wook.

Uma grande verdade!
Librottiglia é um projecto italiano que faz acompanhar garrafas de vinho com pequenos contos, aliando assim dois prazeres: o vinho e a leitura.

Na era onde onde existem diversas formas de ler, esta é uma nova e inovadora forma de o fazer. Os leitores que gostam de vinho sabem bem como é bom fazer acompanhar uma história com um copo do néctar dos deuses. Actualmente existem três histórias disponíveis de autores italianos, que são atadas à volta da garrafa.

Estas garrafas não estão disponíveis em Portugal mas era uma óptima ideia para importar num país como o nosso, com uma história tão grande seja no sector vinícola ou no literário. E todos temos aquele amigo que bebe muito e lê pouco... seria uma óptima prenda de Natal ;)

Via P3.




No séc. XIX, o narrador é alguém que se levantou de manhã, sobressaltado por acordar num local desconhecido, mas ao mesmo tempo familiar... Encontra vários objectos estranhos naquela casa onde se encontra. Será que lhe pertencem? Na sua exploração, encontra umas notas escritas que o fazem duvidar do seu estado mental. Parece que foram escritas por si e, ao que tudo indica, anda com uns desacertos de memória.

Decide, então, pôr no papel tudo o que se lembra, a ver se desbloqueia a mente e se lembra de quem é e o que fazem aqueles acessórios estranhos no seu espaço - sotainas, bigodes e barbas falsas, e outros apetrechos que não lhe dizem nada. Às vezes, porém, outra personalidade dentro de si sobressai e acorda como outra pessoa, ficando perplexo com aquelas notas que parecem de outro alguém que deve andar a invadir a casa.

Ficamos a saber, nestas histórias partilhadas que se entrelaçam, o modo como o narrador participou activamente em eventos históricos e em complexas tramas e conspirações. E é aqui que o livro peca. Apesar de ser brilhantemente escrito (Eco não o sabia fazer de outra forma), o livro é um puzzle difícil de completar. Temos de estar muito atentos, ler e reler para não perder pitada e, vejam bem, existem milhares de pitadas. Por isso, é algo cansativo e exige uma concentração total.

Não é que a complexidade seja negativa, mas quando gira em torno de várias centenas de personagens ao longo de quase 600 páginas, é obra. É imenso, é denso e exigente. Mesmo com as fantásticas gravuras ao longo do livro e que nos permitem respirar um bocado. Leva-nos a muitos locais, dá-nos a conhecer a História, a gastronomia, a religião, enfim, é um documento riquíssimo. Talvez um dia o volte a ler, com outro estado de espírito, com mais tempo, menos stress, mas por enquanto, foi uma leitura difícil que não me agarrou.
 

O Cemitério de Praga
De: Umberco Eco
Ano: 2010
Editora: Gradiva
Páginas: 576

A nossa pontuação: ★★★☆☆
Disponível no site Wook.



Livro da pesada: ah, já agora, as 576 páginas deste livro classificam-no de Livro da Pesada. Um calhamaço ideal para atirar à mona de quem nunca leu Umberto Eco. Mas, se são virgens no autor, comecem pelo O Nome da Rosa ou pelo Número Zero. Coisas mais soft. Boa sorte!

Nicolas Otero é o autor do romance gráfico que conta a vida do falecido músico Kurt Cobain, até ao momento em que resolveu tirar a própria vida. A história é narrada de forma única, na voz do seu melhor amigo "Boddah", que era mesmo o amigo imaginário do artista na sua infância, e a quem ele dedicou a carta que escreveu antes de se suicidar.

Centrado no estado mental do músico, o livro tenta explorar as razões que levaram ao seu suicídio. Os desenhos parecem ser super interessantes e é um livro que até trailer tem. Já pode ser adquirido aqui.


Um grupo de rapazes vai parar a uma ilha deserta após um desastre aéreo. Ao início, tudo é um mar de rosas - sem a presença de adultos, a perspectiva de tomarem conta de si próprios até serem salvos é aliciante. E brincam, tomam banhos, vão à descoberta. Ralph, um dos rapazes mais velhos, cedo toma as rédeas da situação. Insiste na necessidade de construírem abrigos, procurar comida e, sobretudo, manter uma fogueira acesa para que o fumo se veja ao longe e possam ser salvos.

Com o apoio de "Piggy", o gordinho asmático e de óculos com sentido de responsabilidade, Ralph tenta incutir as tarefas a todos mas, enfim, estas depressa se revelam "uma seca" para os mais pequenos e para os mais ariscos ao trabalho.

Tudo começa a correr mal quando as animosidades entre os rapazes aumentam. Um dos mais velhos, Jack, faz frente a Ralph e o grupo divide-se. Jack insiste que o mais importante, até mesmo mais importante do que manter o fogo, é caçar. E dando largas ao espírito selvagem de cada um deles, pintam-se e dançam como selvagens e percorrem a ilha em busca da morte, da provocação da dor e do esvair da vida dos olhos de um animal, já viciados nessas sensações e adrenalina.

Quando se levanta a dúvida se haverá algum monstro com eles na ilha, questão levantada pelos mais novos, tudo descamba, visto que o medo é o pior aliado de quem não tem sentido de responsabilidade e já contém em si o bichinho da destruição... Há mesmo um momento específico no livro em que se nos corta a respiração e o coração pára durante uns segundos, tal é o inesperado e o chocante da situação. Mas tem muita força, e podem crer que é inesquecível.

É um livro genial e o Nobel atribuído ao autor é perfeitamente merecido. Não é apenas uma história de rapazes que tentam sobreviver numa ilha deserta - é o retrato perfeito da sociedade. São as dificuldades para manter a ordem e fazer ouvir as vozes da razão; são as figuras do contra que dispendem energia a mostrar como os outros estão errados; são os instintos primitivos a vir ao de cima em situações extremas; é o negrume que cada um de nós tem dentro a sair, tão facilmente, em situações de superioridade social; é o desrespeito por quem é diferente; é a impotência, a selvajaria, o animal que temos dentro à espera de um estímulo para mostrar a sua força. A civilização espelhada numa praia do Pacífico.

É um clássico que inspirou outras obras e autores e influenciou outras áreas. Há, por exemplo, várias músicas que têm "O Deus das Moscas" como inspiração. Falha minha não ter visto ainda nenhum dos filmes, mas existem dois baseados na obra, um de 1963 e outro de 1990. Irei colmatar esta falha rapidamente.

O Deus das Moscas
De: William Golding
Ano: 1954 (reedição de 2011)
Editora: BIS
Páginas: 256

A nossa pontuação: ★★★★☆
Disponível no site Wook.

Já se sabe que adoramos eventos literários! É sempre bom ver os leitores curiosos a folhear os livros, ávidos de novidade ou à procura daquele clássico que tanto buscavam. Assim, hoje o assunto desta publicação vem directamente da terra de Viriato: o Festival Literário de Viseu "Tinto no Branco".

De 02 a 04 de Dezembro (mesmo a tempo para as compras de Natal!) este fantástico evento vai juntar o melhor da literatura ao melhor dos vinhos. Numa parceria entre a Câmara Municipal de Viseu e a Comissão Vitivinícola Regional do Dão, este evento homenageia este ano a obra de Camilo Castelo Branco "Amor de Perdição".

Vão ser dias apaixonantes, aquecidos pelas narrativas e pelos bons vinhos da região: uma ligação perfeita.

Saibam mais na página oficial do evento.

A não perder! 

Alguns são simples e directos ao assunto, outros são mais rebuscados, mas todos têm o sentido de humor aguçado nestas letras e imagens que levantam em protesto contra o recém eleito Presidente dos Estados Unidos. Até há quem meta "A Guerra dos Tronos" ao barulho... ;)

Vejam todos no Buzzfeed.



















Mas é que é tal e qual!
Volvida uma semana da morte de Leonard Cohen, vale a pena reforçar que este homem, mais conhecido pela veia musical em toda a sua vertente, desde a sua voz profunda e inconfundível até às composições e letras geniais, também era escritor.

Escreveu romances e livros de poesia antes de se dedicar à música, e escusado será dizer que se nota à légua. Tinha o dom da palavra e todo o seu controlo em tudo o que fazia. Era outro dos da laia do Dylan que merecia o Nobel.

Deixou-nos tanta, tanta coisa. Mas, como bichos das letras que somos, vamos destacar as edições portuguesas dos seus livros, que pode encontrar aqui. É a forma de recordar um talento eterno, que escreveu, e foi poético, até ao último suspiro.



Agora deixamos aqui um pouco de amor e romance, na escrita de um dos mais reconhecíveis escritores do momento : Nicholas Sparks. O autor tem um novo livro para aquecer os corações e promete com este título, Só Nós Dois, fazer vibrar os cordelinhos românticos de muita gente, mas desta vez através do olhar de uma personagem masculina.

Todos os leitores, das duas uma, ou já viram um filme inspirado na obra de Sparks ou já leram um livro do autor. No meu caso ambas as situações de verificam: li o Diário da Nossa Paixão e o Palavras Que Nunca Te Direi, e filmes...bem...já vi imensos inspirados na obra.

Talvez não possamos dizer que são os livros mais surpreendentes, mas são livros doces e românticos, quem sabe até capazes de fazer soltar um ou outro suspiro. São também livros que fazem acreditar na paixão e nos sentimentos, e isto é dizer muito numa época em que o cinismo impera em tantos aspectos da nossa vida.

Aqui vos deixamos um excerto da sinopse disponível na Wook onde o novo livro está com desconto de lançamento:

"Por vezes, basta um segundo para mudar a nossa vida. E nesse instante avassalador, tudo aquilo que pensamos saber - e possuir - perde o seu valor. Russell Green tem trinta e dois anos, é casado com Vivian, uma mulher lindíssima e dedicada; tem uma filha encantadora e uma carreira de sucesso. Dir-se-ia que a sua vida é de sonho. Mas o sonho vai dar lugar a um pesadelo… De um momento para o outro, Russ perde a mulher e o emprego e fica a sós com a filha de seis anos, London. Pela primeira vez, percebe que não pode entregar-se à sua própria dor pois London depende agora unicamente dele. Russ vai ter de se superar, de desbravar caminho, começar de novo… "

Vamos apostar no amor? :)

Boas leituras!
São mais de 70 anos de idade e mais de 50 anos de carreira - é muito para contar, e uma parte desta longa e rica vida já está disponível em livro. "O Programa Segue Dentro de Momentos" é a biografia de Júlio Isidro, um dos rostos mais importantes e conhecidos da nossa televisão e rádio. O nome do livro é alusivo à forma como se despedia nos velhinhos programas a preto e branco na RTP e deixa também claro que isto é apenas uma parte daquilo que tem para contar... Quem sabe se não terá uma continuação?

O livro contém muito humor e várias histórias, principalmente sobre os artistas com quem o apresentador se cruzou durante todos estes anos, assim como fotografias que o farão viajar no tempo.

A apresentação em Lisboa já ocorreu, mas ainda vai a tempo de estar presente no Porto - dia 19 de novembro, na FNAC do NorteShopping às 18h00, com apresentação de Álvaro Costa.

Disponível no site Wook.
John encontra Lilly quase sem vida dentro de um contentor que deu à costa no Refúgio. Entre as várias vítimas, é a única sobrevivente de um cenário macabro e com contornos desconhecidos. John passa a dedicar os seus dias à recuperação de Lilly, que estava em péssimo estado físico e emocional, e sem se conseguir recordar do seu passado.

Mas Lilly não é apenas uma sobrevivente - é uma Testemunha e sua presença não é um acaso. Ela vai, conduzida pela mão de Eva, testemunhar a Criação e o Pecado Original. Vai ver e tomar parte de momentos cruciais no Jardim do Edén e contar-nos uma história diferente daquela a que estamos habituados...

Ler este livro foi penoso para mim. Apesar de ser uma obra ficcional, que até poderia ser interessante, tornou-se demasiado esotérica e uma mistura estranha entre ficção científica, religião, paranormal e fantasia, não muito bem interligada. Ou seja, uma grande confusão, e repetitiva. As personagens são imensas e sem nada de deslumbrante para oferecer.

Possivelmente, será um livro que agrada mais a teólogos ou a quem esteja mais ligado ao catolicismo. Ou então não, porque muitos dogmas são virados do avesso. De qualquer maneira, de modo geral, não gostei da escrita do autor do aclamado "A Cabana".

Eva
De: Wm. Paul Young
Ano: 2015
Editora: Porto Editora
Páginas: 264

A nossa pontuação: ★★☆☆☆
Disponível no site Wook.
O projecto ClimAdaPT.Local lançou um livro de banda desenhada, disponível online e gratuitamente (podem fazer o download aqui), que é um alerta para as alterações climáticas a nível local.

A história de "Reportagem Especial – Adaptação às Alterações Climáticas em Portugal" acompanha uma jornalista e um repórter de imagem enquanto fazem a cobertura noticiosa sobre as alterações climáticas em Portugal. Aparecem outras personagens, bem reais, como o físico Filipe Duarte Santos ou a socióloga Luísa Schmidt.

Com este livro, o projecto pretende alertar para as consequências das alterações climáticas que já se fazem sentir no nosso país, num formato apelativo a todas as idades que foge aos regulares relatórios e ensaios. Dá também algumas ideias sobre o que podemos fazer para minimizar os estragos e mostra as consequências nefastas do aquecimento global, que muitas vezes sofremos na pele e nem relacionamos directamente ao flagelo, como a tempestade que atingiu a região Oeste em 2009.

Um livro que todos deviam ler!

Via Público

Judith trabalha numa conhecida casa de leilões de arte e é uma grande conhecedora do meio, dos artistas, e especialmente dos quadros. No entanto, não é tão respeitada como ambiciona e o ordenado não é nada de especial. É neste contexto que reencontra uma conhecida de longa data, que a alicia a trabalhar num bar duas noites por semana, onde os jogos de sedução lhe permitem ganhar, apenas com as gorjetas, muito mais do que ganha na casa de leilões.

Ela tem um dos clientes habituais do bar pelo beicinho, ainda por cima rico, e não lhe custa nada convencê-lo a embarcarem numa viagem, onde se farta de fazer compras, comer e aproveitar a noite às custas dele. No entanto, uma brincadeira dá mau resultado, e a viagem, e a vida de Judith, mudam completamente de rumo.

Este é um livro que mais valia não ter existido. É uma total perda de tempo. Lê-lo foi uma tortura e só o fui conseguindo lendo na diagonal, coisa que nunca tinha acontecido. A ação custa a andar, as coisas tardem em acontecer, a narrativa perde-se em descrições complexas sem sentido, há elementos desconexos que não têm ligação com nada... enfim, um total flop. A personagem principal, Judith, é muito fraquinha. Passa o tempo todo a conseguir o que quer com o corpo e isso é o mote para tudo. Sem exagero, página sim página não, há algo que ela ganha por ser boazona e dominar o jogo de sedução. Epá, é um exagero. Era giro ela ser um pouco mais complexa do que isto. É uma total objectificação da mulher, e completamente sem sentido, porque nem leva a nada de novo - só a mais pasmaceira.

Nunca aquelas mensagens que aparecem nos livros, neste caso "O thriller mais chocante do ano", ou "O acontecimento editorial de 2016" foram uma mentira tão evidente. Nem sequer é um thriller. Neste momento duvido que seja um acontecimento editorial. É apenas uma manobra de marketing falhada. É um relatar de aventuras sexuais, de mortes e de compra de roupa cara, sem grande relalção, com muita palha, falatório e descrições lamentavelmente longas e entedianes pelo meio. Uma pena.

Sei que acabei de ler o livro e estou com a desilusão à flor da pele, mas se não fosse da biblioteca e tivesse gasto dinheiro com ele, estaria a chorar o meu dinheiro. Assim só choro o meu tempo.

Maestra
De: L. S. Hilton
Ano: 2016
Editora: Editorial Presença
Páginas: 304

Disponível no site Wook.
A nossa pontuação: ★☆☆☆☆

Um livro que ensina a ler? Uma mota para a personagem de banda desenhada mais rápida do planeta? Uma borracha inacessível num lápis? Sim, tudo isto é real! Ora vejam estas coisinhas completamente inúteis:

Braille numa superfície lisa? Hum? 


Portanto, estamos a partir do princípio que não há janelas para violar. 


Como ler... um livro?


O Youtube é um site. Sabiam disso? Internet? Sim?


Aquela borrachinha vai durar para sempre.


Nunca se sabe quando o gajo mais rápido do mundo está com dor ciática.

Oh meu deus, e agora? Se carregar no sim a minha televisão explode?
 

O que há de mais inútil do que um livro para colorir com personagens que são pretas e brancas? Ah, ok, sobra um sabre.


Portanto, filho, queres saber os horários vê no papel. Grande lata, quererem a papinha toda feita.



Ajatashatru Larash Patel é indiano, faquir de profissão, profissional na arte do logro e do engano. Ele convence o seu povo de que precisa de uma nova cama de pregos e consegue angariar fundos para uma viagem a França, mais precisamente ao Ikea, a fim de adquirir o último modelo da dita cuja.

Munido apenas com a roupa que leva vestida e com uma nota falsa de €100, ingressa no maravilhoso e gigante armazém de mobiliário (não sem antes enganar um taxista cigano com a referida nota, que o vai perseguir até ao fim). E como a cama de pregos está esgotada, Ajatashatru terá de esperar até à manhã seguinte para a ter na sua posse. Tudo bem, sem problema, que o Ikea tem imensas camas confortáveis onde passar a noite...

É debaixo de uma que se esconde até ao fecho da loja, mas uns barulhos fazem-no esconder-se rapidamente dentro de um armário. Só que escolheu um armário que iria ser expedido para um local longínquo... E é assim que começa a grande aventura da vida do faquir, onde passa por diversos países, conhece dezenas de pessoas e descobre imensas coisas sobre si próprio e o mundo.

É um livro fantástico, com um sentido de humor apurado e que arranca umas boas gargalhadas do início ao fim. Apesar da comédia, contém imensas lições de vida, sendo que para mim a maior delas é a importância de praticar o bem e que nunca é tarde para o começar a fazer. E também, claro, saber tirar o maior partido e lições positivas de tudo o que inesperado possa acontecer. Aborda, também, assuntos controversos e actuais de forma satírica e acutilante. Um livro a ter em comta.

A Incrível Viagem do Faquir Que Ficou Fechado Num Armário Ikea
De: Romain Puértolas
Ano: 2013
Editora: Porto Editora
Páginas: 208
Disponível no site Wook.
A nossa pontuação: ★★★★☆