Indignação - Philip Roth

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Estamos em 1951, em plena guerra da Coreia. Marcus Messner é um jovem judeu de Newark, filho de um talhante kosher. Assim que Marcus começou o seu percurso na universidade perto de casa, o pai transformou-se numa pessoa que ele não conhecia - ficou demasiado obcecado com o bem-estar do filho, colocou-lhe várias proibições, cometeu alguns actos de loucura e toda a família ficou prejudicada por esta súbita e inexplicável mudança.

Sentindo-se pressionado e determinado a obter a paz necessária para continuar a ser um estudante exemplar, Marcus toma então a decisão de deixar os seus pais em Newark e frequentar outra universidade mais longe. Só que não estava preparado para o que ia enfrentar. Marcus só queria estudar e ser o melhor para seguir para a guerra com uma alta patente, mas conhece pessoas que lhe vão mexer com os nervos, que o vão surpreender, desiludir, que o vão colocar nas situações mais inesperadas.

Depara-se com um mundo diferente daquilo que esperava, onde as falsas aparências imperam, onde a hipocrisia manda e onde a liberdade é um conceito relativo. Aprende que o direito à privacidade, a camaradagem, a amizade, são voláteis, frágeis, enganadores.

Este curto livro, que foge à temática habitual de Philip Roth, oferece-nos uma complexa densidade humana e social, e aborda com mestria temas como religião ou política. O jovem Marcus é uma personagem fantástica e assistir à sua evolução é um prazer. Vemos a ira apoderar-se dele e o inconformismo a subir-lhe à garganta. Assistimos a sua revolta contra um sistema governado por mentes tacanhas. Percebemos e sentimos também, com ele, a constatação que o mundo é um lugar estranho, e as pessoas ainda mais. Descobrimos-lhe a indignação no âmago. Este livro é uma pérola surpreendente, até ao fim.

Indignação
De: Philip Roth
Ano: 2008
Editora: Dom Quixote
A nossa pontuação: ★★★★☆

Disponível no site Wook.

2 comentários:

  1. Philip Rothn tornou-se um escritor incontornável no panorama da Literatura Mundial, um dos maiores observadores dessa América contemporânea que continua a fascinar e a desiludir o ser humano.

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