O seu estilo natural e descritivo soa-me a música. A capacidade de criar imagens pormenorizadas através de descrições elaboradas, funciona como um projector no meu pensamento: como um filme que me passa frente aos olhos em cada página.
"Os Maias" surge aqui como uma releitura de uma obra por tantos mal amada (como tantas o são apenas por fazerem parte do rol de leituras escolares obrigatórias), mas que me acompanhou na adolescência em que me dediquei a estudar as personagens e passagens deste fantástico livro.
O amor de Carlos e de Maria Eduarda, a ironia de Ega, o fatalismo, o humor, a intriga, a novela e a sátira social, faz de "Os Maias" um dos marcos literários mais importantes da nossa cultura.
É fascinante ler esta obra, aos olhos da actualidade, e ver como tanto do que lá se descreve sobre a sociedade de então se adequa ainda tão bem à nossa contemporaneidade.
Agora enchem-nos os dias os download, os like e os lol, mas já então a língua dos gentlemans e dos shake-hands povoava os diálogos, como um marco do socialmente apto e superior. Já então havia crise, nos costumes e nas bolsas, e parece que hoje pouco mudou em ambos os casos. Agora procuramos o amor em presságios, neste livro os presságios o amaldiçoam.
Uma obra soberba que deveria, no meu entender, ser mais amada e admirada, lida e relida. Intemporal.

Título: Os Maias
Autor: Eça de Queirós
Subscrevo na totalidade. Deve ser a obra que mais vezes reli, e ainda não me cansei dela :)
ResponderEliminarNo meu caso é mesmo o Wuthering Heights, mas este é o meu segundo mais relido :)
EliminarAmbos sobre tórridos amores impossíveis... Melhor nem fazer análise :D
(sabes da teoria de que o Heathcliff seria meio-irmão da Cathy?)
Ora, pois, o melhor mesmo é não analisar ;)
Eliminar(não conhecia, não!)
Tudo do Eça é excelente.
ResponderEliminarSem dúvida. Eça e Pessoa quase que bastam para toda uma vida de leituras.
EliminarComo toda a minha geração, tive que obrigatoriamente ler "Os Maias" para o liceu. E ao contrário da maioria da minha turma, li-o em 3 dias (tinha pouco que fazer à época) e adorei! Eça fascina efectivamente (já andei à procura da morada dos Campos Elísios da "Cidade e as Serras" lá, mas o 202 não existe)
ResponderEliminarEu ando tentada em buscar as ruas dos livros do Carlos Ruiz Zafón em Barcelona, e seguir o roteiro do "O que o turista deve ver" do Pessoa... Eça ainda não! :D mas que bela ideia! Quase que dá vontade de ir a Paris já de seguida. Obrigada! Já agora faça uma busca no Google Maps... parece que existe um 202 :P Será possível?
EliminarEu não o descobri, ao vivo, lá! Mas já vou olhar para o Google Maps. Um autor de quem também gosto de seguir caminhos é Robert Wilson, porque tem dois livros passados cá e anda por caminhos que nos são muito familiares (http://www.robert-wilson.eu/portugal/index.html)
Eliminar"Os Maias" é um livro soberbo! Aliás toda a obra de Eça é genial e convém sempre não nos esquecermos das deliciosas "Farpas", que servem como uma bela luva nas mãos da actual classe política. Lamentável a sequela que foi feita do livro de Eça, neste jardim literário à beira-mar, tão mal plantado.
ResponderEliminarBoa relembrança! Obrigada! Vou colocar na lista dos "a reler". Por acaso um dos próximos é o "Um feixe de penas" onde o Ramalho Ortigão também consta, além do Eça. Acredito que vá ser mais uma boa leitura.
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