Descanse em paz, Baptista-Bastos

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Recordando o jornalista e autor que nos deixou recentemente, deixamos uma citação de Baptista-Bastos presente no Jornal de Negócios em 2009, que muito diz sobre os nossos dias, as relações de hoje e os tempos frenéticos que vivemos em busca de não sei o quê, esquecendo-nos do que é importante.

Que descanse em paz e que as suas palavras inspirem os que por cá vão ficando.

"A nossa sociedade está a desmoronar-se e ninguém lhe acode. Os laços sociais estão a desaparecer, substituídos por um sistema de valores em que impera a vacuidade, o poder da «competitividade» como força motriz - e não é. Há tempo para tudo, diz o Eclesiastes. Mas a verdade é que os «tempos» foram pulverizados pela urgência de não se sabe bem o quê. A frase mais comum que ouvimos é: «Não tenho tempo para»; para quê? A correria mina as relações de civismo e de civilidade; está a roer os alicerces da família; a família deixou de ser o núcleo das nossas próprias defesas; e vamos perdendo o rasto dos nossos filhos, dos nossos amigos, dos nossos camaradas, dos nossos companheiros. A azáfama nos locais de trabalho é o sinal das nossas fragilidades e dos nossos medos. Estamos com medo de tudo, inclusive de confiar em quem, ainda não há muito, seríamos capazes de confidenciar o impensável."


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