Que descanse em paz e que as suas palavras inspirem os que por cá vão ficando.
"A nossa sociedade está a desmoronar-se e ninguém lhe acode. Os laços
sociais estão a desaparecer, substituídos por um sistema de valores em
que impera a vacuidade, o poder da «competitividade» como força motriz -
e não é. Há tempo para tudo, diz o Eclesiastes. Mas a verdade é que os
«tempos» foram pulverizados pela urgência de não se sabe bem o quê. A
frase mais comum que ouvimos é: «Não tenho tempo para»; para quê? A
correria mina as relações de civismo e de civilidade; está a roer os
alicerces da família; a família deixou de ser o núcleo das nossas
próprias defesas; e vamos perdendo o rasto dos nossos filhos, dos nossos
amigos, dos nossos camaradas, dos nossos companheiros. A azáfama nos
locais de trabalho é o sinal das nossas fragilidades e dos nossos medos.
Estamos com medo de tudo, inclusive de confiar em quem, ainda não há
muito, seríamos capazes de confidenciar o impensável."
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