Tudo começou com um rato morto. O Dr. Rieux viu um ao subir para o seu apartamento, mas não pensou muito no assunto. Só quando começaram a aparecer outros, dias após dia, até se tornarem milhares, o alerta foi dado. Quando as primeiras mortes humanas se deram, a palavra "peste" custou a ser proferida e aceite, mas lá teve de ser. Era mesmo a peste, e em força.
A cidade foi fechada - ninguém podia entrar nem sair. Famílias, pais e filhos, amigos, amantes e namorados ficaram separados e incontactáveis. Os casos multiplicaram-se e as mortes tornaram-se sucessivas. Edifícios públicos tornaram-se hospitais improvisados e locais de quarentena. Os recursos tiveram de ser poupados e não havia, por exemplo, electricidade nas ruas, ou gasolina disponível. A comida começou a escassear e elevou-se o contrabando. O desespero e a saudade dos entes queridos levou a actos loucos para furar os muros da cidade. A rotina dos dias sempre iguais desgastou toda a população.
E no meio de tudo isto, o Dr. Rieux e os seus amigos concidadãos tentam manter o sangue frio no meio da desgraça, apelar à calma e fazer de tudo para deixar os doentes confortáveis e para combater a doença que parece ter vindo para ficar, ao mesmo tempo que assistem à degradação, quase nem nada poder fazer, à morte de pessoas tão estimadas e necessárias à comunidade.
Albert Camus apresenta-nos um cenário calamitoso, mas fá-lo através de uma narrativa positiva e com uma rápida cadência, onde a solidariedade e a empatia pelo próximo assumem grande protagonismo. Através de uma meia dúzia de personagens-chave, assistimos ao companheirismo e a uma amizade entre cavalheiros muito nobre, só possível devido à desgraça que sobre eles caiu e que os faz entender, mais do que nunca, que morremos sozinhos. Pensamentos sobre a condição humana e o destino estão constantemente a assolar estes amigos que o caos juntou.
Muitas mais questões são levantadas e objecto de crítica pelo autor, como a liberdade de expressão ou a alegoria clara à questão da ocupação nazi (note-se que o livro foi escrito durante a Segunda Grande Guerra). É um livro apaixonante e que nos prende até à última gota. Imperdível.
A Peste
De: Albert Camus
Ano: 1947 (reedição de 2016)
Editora: Livros do Brasil
Páginas: 264
A nossa pontuação: ★★★★☆
Disponível no site Wook.
Li o livro este ano e ele oferece-nos de forma sublime o pensamento de Albert Camus. É de saudar esta nova edição dos "Livros do Brasil", que pelo vistos vai oferecer novamente ao público português a obra literária deste grande escritor, que se encontrava arredada das livrarias.
ResponderEliminarBom dia.
É de facto um novo fôlego dado aos clássicos, espero que não passe despercebido. Obrigada pela visita!
EliminarÉ de facto um novo fôlego dado aos clássicos, espero que não passe despercebido. Obrigada pela visita!
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