A Peste - Albert Camus

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Tudo começou com um rato morto. O Dr. Rieux viu um ao subir para o seu apartamento, mas não pensou muito no assunto. Só quando começaram a aparecer outros, dias após dia, até se tornarem milhares, o alerta foi dado. Quando as primeiras mortes humanas se deram, a palavra "peste" custou a ser proferida e aceite, mas lá teve de ser. Era mesmo a peste, e em força.

A cidade foi fechada - ninguém podia entrar nem sair. Famílias, pais e filhos, amigos, amantes e namorados ficaram separados e incontactáveis. Os casos multiplicaram-se e as mortes tornaram-se sucessivas. Edifícios públicos tornaram-se hospitais improvisados e locais de quarentena. Os recursos tiveram de ser poupados e não havia, por exemplo, electricidade nas ruas, ou gasolina disponível. A comida começou a escassear e elevou-se o contrabando. O desespero e a saudade dos entes queridos levou a actos loucos para furar os muros da cidade. A rotina dos dias sempre iguais desgastou toda a população.

E no meio de tudo isto, o Dr. Rieux e os seus amigos concidadãos tentam manter o sangue frio no meio da desgraça, apelar à calma e fazer de tudo para deixar os doentes confortáveis e para combater a doença que parece ter vindo para ficar, ao mesmo tempo que assistem à degradação, quase nem nada poder fazer, à morte de pessoas tão estimadas e necessárias à comunidade.

Albert Camus apresenta-nos um cenário calamitoso, mas fá-lo através de uma narrativa positiva e com uma rápida cadência, onde a solidariedade e a empatia pelo próximo assumem grande protagonismo. Através de uma meia dúzia de personagens-chave, assistimos ao companheirismo e a uma amizade entre cavalheiros muito nobre, só possível devido à desgraça que sobre eles caiu e que os faz entender, mais do que nunca, que morremos sozinhos. Pensamentos sobre a condição humana e o destino estão constantemente a assolar estes amigos que o caos juntou.

Muitas mais questões são levantadas e objecto de crítica pelo autor, como a liberdade de expressão ou a alegoria clara à questão da ocupação nazi (note-se que o livro foi escrito durante a Segunda Grande Guerra). É um livro apaixonante e que nos prende até à última gota. Imperdível.

A Peste
De: Albert Camus
Ano: 1947 (reedição de 2016)
Editora: Livros do Brasil
Páginas: 264

A nossa pontuação: ★★★★☆
Disponível no site Wook.

3 comentários:

  1. Li o livro este ano e ele oferece-nos de forma sublime o pensamento de Albert Camus. É de saudar esta nova edição dos "Livros do Brasil", que pelo vistos vai oferecer novamente ao público português a obra literária deste grande escritor, que se encontrava arredada das livrarias.
    Bom dia.

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    1. É de facto um novo fôlego dado aos clássicos, espero que não passe despercebido. Obrigada pela visita!

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    2. É de facto um novo fôlego dado aos clássicos, espero que não passe despercebido. Obrigada pela visita!

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