Neste livro de 1908, é-nos contada a história de sete condenados à morte por enforcamento. Todos cometeram crimes graves, e todos receberam a mesma sentença. Acompanhamo-los desde o momento do crime até ao final das suas vidas.
A narrativa mostra a brutalidade da pena de morte. Individualmente, entramos na mente de cada um dos condenados e são-nos apresentadas as diferentes maneiras de lidar com o assunto. Há quem entre em negação, não acreditando na visão do seu próprio corpo pendurado sem vida. Há quem seja altruísta até ao fim e pense mais no sofrimento dos outros - se estão bem nas suas celas, sem fome, conseguindo dormir e sem sentir a falta do tabaco. Há quem julgue enlouquecer, dando por si em grandes conversas consigo mesmo misturando actuais sentimentos com recordações antigas. Há quem esteja contente porque o seu nome vai ficar escrito para sempre nos anais da História.
Em todos os relatos, um ponto é comum - estas pessoas sabem que vão morrer, e quando. E esse ponto sem retorno é explorado até ao âmago mais profundo daquelas almas que sabem que vão conhecer o fim.
É um livro absolutamente fantástico, bastante à frente do seu tempo, e muito tocante. Nunca é lamechas - pelo contrário, há ali um negrume difícil de obter e um pessimismo inigualável - mas puxa pelo nosso lado mais sensível.
Para além desta história principal, somos ainda brindados com uma mais curta, intitulada "O Pensamento", que é um relato escrito de um médico que cometeu um assassínio. E ele explica detalhadamente porque o fez, como o fez, mostrando uma lucidez lancinante com rasgos de genialidade e com comentários mordazes que chegam a ser cómicos.
Uma leitura que se faz muito rapidamente, super recomendada, brutal e poderosa, e que me deu a conhecer Leonid Andreyev, o autor russo, dramaturgo, que morreu demasiado cedo.
A História dos Sete Enforcados
De: Leonid Andreyev
Ano: 1908
Editora: Hespéria
Páginas: 204
A nossa pontuação: ★★★★★
Disponível no site Wook.
Disponível para leitura online, gratuita, em inglês.
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