Dracula - Bram Stoker

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Jonathan Harker está na Transilvânia por motivos profissionais, para lidar com a compra de uma casa em Londres por parte do misterioso Conde Drácula. É recebido num portentoso castelo situado numa lindíssima área florestal, e o anfitrião, apesar de ter estranhos hábitos, aparenta cordialidade. Conforme os dias passam, Jonathan vai-se apercebendo de que nunca viu o conde comer, que nunca aparece de dia, que parece esfumar-se de um momento para o outro, e o caldo entorna definitivamente quando não o vê num reflexo de um espelho e depois testemunha a sua descida do castelo pela parte de fora, com uma facilidade tal que parecia uma aranha.

Sem saber se algo se passa ou se a sua mente lhe está a pregar partidas, Jonathan, ao tentar sair, percebe que, mais do que um prestador de um serviço, é um prisioneiro. O pânico apodera-se dele quando o conde o obriga a escrever cartas para o sócio e para a noiva com conteúdo adulterado.

Já em Inglaterra, a sua noiva Mina começa a estranhar primeiro o conteúdo das cartas que recebe, e depois, a falta de notícias por parte de Jonathan. Ainda para mais, pernoita na casa da sua melhor amiga Lisa, e esta, sofredora de sonambulismo, desaparece numa noite. Mina procurou a amiga por todo o lado e ao longe conseguiu vislumbrar um vulto branco, amparado por uma outra figura de negro, que desapareceu com a sua aproximação. A partir dessa noite, Lisa nunca mais foi a mesma pessoa, adoeceu gravemente e as pequenas feridas no seu pescoço não auguravam nada de bom.

Este é o ponto de partida e o facto que faz com que ilustres personagens se juntem para descobrir a verdade e que tudo façam para acabar com uma ameaça que pode afectar o mundo inteiro.

Apesar de ficcional, a narrativa faz-se apenas e só com os registos dos diários das personagens e com alguns apontamentos de notícias de jornais, o que não é, de todo, uma forma fácil de escrever, e que foi concerteza um grande marco no séc. XIX. Fazer com que todos os factos batam certo e que sigam uma linha temporal a partir de relatos escritos em forma de diário é um feito só ao alcance dos génios. A leitura, como tal, não é propriamente fácil. É um livro maçudo e temos de nos habituar a ler imensas vozes, que é como ter vários narradores para uma história só.

Não há como contornar também o facto de aqui, neste livro fantástico, ter nascido o pai de todos os vampiros. Uma personagem como há poucas, que tem sobrevivido através dos séculos e que marcou a cultura popular como poucas. Com uma caracterização baseada em lendas e folcrores, reúne, de forma consensual, as características chave destas criaturas mitológicas que, infelizmente nas últimas décadas, têm vindo a ser deturpadas de tal forma que já em nada se parecem com as crenças seculares.

Um clássico incontornável obrigatório para os fãs de literatura de todos os géneros, que deu origem a inúmeras adaptações em várias vertentes artísticas. No cinema, perde-se a conta aos filmes que directa e indirectamente se basearam nesta história, mas destacam-se os incontornáveis, míticos, Nosferatu (1922) e Dracula (1931).

Drácula
De: Bram Stoker
Ano: 1897
Editora: Publicações Europa-América
Páginas: 424

A nossa pontuação: ★★★★☆
Disponível no site Wook.

2 comentários:

  1. Li o livro de Bram Stoker na adolescência numa edição da Minerva e adorei, já os filmes de Murnau e Tod Browning, o primeiro mudo e o segundo sonoro, são incontornáveis (ambos disponíveis na net).
    Muito boa tarde!

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    1. É daqueles livros históricos que dão filmes igualmente históricos :) E já não se fazem nem uns, nem outros, assim. Boa noite!

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