A Mancha Humana - Philip Roth

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Coleman Silk é um homem inteligente, reitor da universidade e respeitado no seu meio, até que um mal entendido faz com que seja acusado de racismo. Aí, todo o respeito e admiração que tinha construído desvaneceram-se num ápice. Amargurado, Coleman fala com um escritor para que a sua história possa ser contada, e é através da voz deste que nos chega o relato da sua vida.

Saltamos entre vários tempos, conhecendo Coleman desde que era um adolescente que gostava de praticar boxe, a sua família, os seus gostos, mas mais importante do que tudo, aprendemos que este homem, que viveu como branco a maior parte da sua vida, é negro. Saiu-lhe na lotaria que tivesse a pele clara e declarou-se como branco para poder fazer tudo o que os negros não podiam - por exemplo, alistar-se na Marinha ou escolher a sua própria universidade. Foi um logro que o fez afastar-se da família, renegando as suas origens e escondeu-o de toda a gente, passando a vida com este segredo às costas.

Agora que é um ex-reitor na casa dos 70 e que conheceu uma mulher muito mais nova que carrega uma bagagem ainda maior do que a dele e que o fez renascer, sentimos a empatia por este homem que se escolheu a si próprio, sempre, em qualquer circunstância, num acto egoísta mas que, quando nos é apresentado ao longo do livro, nos comove.

Philip Roth tem um tipo de escrita único, que não é fácil, mas que se tivermos atenção tem algo de belo e mágico. É uma linguagem erudita mas com uma simplicidade surpreendente, características raras e que me fazem questionar como é que este homem ainda não foi agraciado com o Nobel (entre muitos outros prémios, tem um Pulitzer).

Este livro deu origem a um filme em 2003, com Anthony Hopkins e Nicole Kidman nos principais papéis. Vi há muito tempo, lembro-me de gostar, mas tenho de o rever agora à luz do livro.

A Mancha Humana
De: Philip Roth
Ano: 2000
Editora: Dom Quixote
Páginas: 380

Disponível no site Wook.
A nossa pontuação: ★★★★☆

2 comentários:

  1. Vi o filme primeiro, confesso que adorei, tanto a realização do Robert Benton, como os actores e depois li o livro que achei fabuloso e passei a seguir os passos do alter-ego do escritor, essa personagem chamada Nathan Zuckerman.
    Muito boa tarde!

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  2. É mesmo imperdível, todos deveriam ler :) Boa tarde!

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