O Cemitério de Praga - Umberto Eco

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No séc. XIX, o narrador é alguém que se levantou de manhã, sobressaltado por acordar num local desconhecido, mas ao mesmo tempo familiar... Encontra vários objectos estranhos naquela casa onde se encontra. Será que lhe pertencem? Na sua exploração, encontra umas notas escritas que o fazem duvidar do seu estado mental. Parece que foram escritas por si e, ao que tudo indica, anda com uns desacertos de memória.

Decide, então, pôr no papel tudo o que se lembra, a ver se desbloqueia a mente e se lembra de quem é e o que fazem aqueles acessórios estranhos no seu espaço - sotainas, bigodes e barbas falsas, e outros apetrechos que não lhe dizem nada. Às vezes, porém, outra personalidade dentro de si sobressai e acorda como outra pessoa, ficando perplexo com aquelas notas que parecem de outro alguém que deve andar a invadir a casa.

Ficamos a saber, nestas histórias partilhadas que se entrelaçam, o modo como o narrador participou activamente em eventos históricos e em complexas tramas e conspirações. E é aqui que o livro peca. Apesar de ser brilhantemente escrito (Eco não o sabia fazer de outra forma), o livro é um puzzle difícil de completar. Temos de estar muito atentos, ler e reler para não perder pitada e, vejam bem, existem milhares de pitadas. Por isso, é algo cansativo e exige uma concentração total.

Não é que a complexidade seja negativa, mas quando gira em torno de várias centenas de personagens ao longo de quase 600 páginas, é obra. É imenso, é denso e exigente. Mesmo com as fantásticas gravuras ao longo do livro e que nos permitem respirar um bocado. Leva-nos a muitos locais, dá-nos a conhecer a História, a gastronomia, a religião, enfim, é um documento riquíssimo. Talvez um dia o volte a ler, com outro estado de espírito, com mais tempo, menos stress, mas por enquanto, foi uma leitura difícil que não me agarrou.
 

O Cemitério de Praga
De: Umberco Eco
Ano: 2010
Editora: Gradiva
Páginas: 576

A nossa pontuação: ★★★☆☆
Disponível no site Wook.



Livro da pesada: ah, já agora, as 576 páginas deste livro classificam-no de Livro da Pesada. Um calhamaço ideal para atirar à mona de quem nunca leu Umberto Eco. Mas, se são virgens no autor, comecem pelo O Nome da Rosa ou pelo Número Zero. Coisas mais soft. Boa sorte!

4 comentários:

  1. Este adorei! (aliás tenho gostado de todos, tendo sido o primeiro o Nome da Rosa)

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  2. Eu tenho gostado de todos, este não me entrou... por vezes acontece :) Obrigada pela visita!

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    1. O rapaz lá de casa também "patinou" um bocadinho com este. Mas tenho curiosidade de visitar o Museu des Arts et Métiers...

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  3. Li e gostei bastante deste livro, embora neste momento esteja fascinado com as suas crónicas reunidas em livro, que nos revelam um observador genial do mundo contemporâneo.
    Boa Tarde!

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