A Besta Humana, de Émile Zola

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Roubaud e Séverine são um casal normal, apesar da diferença de idades - ele é mais velho, e não sabe como é que a jovem de 25 anos que, apesar de não ser uma beldade, tem algo de magnético nos seus olhos azuis, se enamorou por ele. Até ao dia em que Roubaud descobre algo perverso sobre o passado da mulher e é tomado por um ciúme doentio. Sem se conseguir controlar, Roubaud mata um homem do passado de Séverine e obriga-a a participar.

O crime, perpetuado num comboio, foi testemunhado pelo jovem Jacques, por acaso colega de Roubaud na companhia dos caminhos de ferro. Com a velocidade a que seguia a locomotiva, Jacques não foi capaz de descortinar caras mas viu pormenores capazes de enterrar o colega. Roubaud quase que mete o jovem debaixo da sua asa e faz com que a simpatia de Jacques pela sua "inocente" e "terna" mulher cresça para que este se cale.

Jacques tem não só de se preocupar com uma investigação que o tem como principal testemunha, como também por um sentimento crescente por Séverine, que é mútuo e que os vai levar numa outra novela; e ainda com algo que cresce dentro dele há muito tempo e que nunca se atreveu a contar a ninguém - uma vontade incontrolável de matar mulheres, de lhes enfiar a lâmica nos seus pescoços macios e ver a vida escorrer-lhes devagar.

Muitas mais personagens entram em cena nesta trama complexa, cheia de pormenores, descrições exaustivas e que, como ainda por cima é um clássico com uma linguagem coloquial própria da época, torna a leitura num processo nada fácil.

Não deixa de ser uma leitura recomendada que, tal como o título indica, nos apresenta a besta humana, não uma só, mas um conjunto delas, uma vez que ela habita em cada um de nós. Pode estar escondida, mas ela vive, esperando a sua oportunidade. Pode nunca chegar, mas mais dia menos dia manifesta-se em alguém. E é bonito ver uma quantidade de bestas a acordar ao mesmo tempo.

O livro foi adaptado para o cinema algumas vezes, sendo a mais célebre das adaptações a realizada por Jean Renoir em 1938. Resta-me fazer um reparo às edições portuguesas, que traduziram o nome do autor de Émile para Emílio... A sério?

A Besta Humana
De: Émile Zola
Ano: 1890
Editora: Publicações Europa-América
Páginas: 328

A nossa pontuação: ★★★☆☆
Disponível no site Wook.

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