É com o Japão antigo como cenário que o mais recente romance de Valter Hugo Mãe nos arrebata. Através da sua linguagem característica, apresenta-nos a Itaro, artesão, à sua irmã cega de quem tem tomado conta e à criada que os acompanha e que tem sido mais do que uma mãe.
Na vizinhança, o oleiro Saburo tem a Itaro uma raiva intrínseca e algo inexplicável, que é mútua. Depois da morte da mulher do oleiro, este guarda-se num negrume dentro de si, mas o ódio a Itaro nunca morre.
Itaro, que se coloca acima do vizinho e do mundo, vai tomar decisões que lhe vão valer o desprezo dos seus pares, mas vai participar numa lição de vida única, e essa parte do livro é a minha preferida. É arrebatadora e cheia de revelações interiores, daquelas que podemos facilmente adaptar a cada uma das nossas vidas. É um dos 'poderes' de Valter Hugo Mãe, aqui bem exposto.
De resto, a paisagem e a natureza chegam-nos descritas numa perfeição palpável, e as personagens que vão aparecendo têm algo de sagrado e intocável. Não considero a obra-prima do autor (essa para mim ainda é "O Filho de Mil Homens"), mas é fantástico, e vê-se que é escrito com muito amor por um povo, por um tempo e por um país que nos é distante, mas que nos fica tão próximo depois desta leitura.
Homens Imprudentemente Poéticos
De: Valter Hugo Mãe
Ano: 2016
Editora: Porto Editora
Páginas: 216
A nossa pontuação: ★★★★☆
Disponível no site Wook.
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